QUIS DELIRAR

  Você chegou sem disfarçar o desejo ardente de me tocar. Era notável. Indispensável. Quis delirar. Um beijo quente, marcante, antes de uma palavra sequer, aliás palavras eram desnecessárias. O deslizar da tua mão fez o meu corpo arrepiar, senti na pele a sedução. Quis delirar. Os meus cabelos presos em teus dedos, os fios saltavam nos teus suspiros, a minha boca incontrolável, louca, sem saber onde encostar. O teu olhar tão penetrante a me procurar, quanto mais achava mais procurava, com tanta sede, sem pressa de terminar. Cada toque era vibrante. Quis delirar. Tão empolgante essa loucura, O tempo parou naquele instante, parou para que eu te visse e te sentisse, parou para que meu batom saísse e penetrasse no seu abdômen. Naquele momento eu me senti mais mulher, tive a certeza de que você é o meu homem. Sem dizer nada, meu corpo estava a gritar, o tempo inteiro a chamar seu nome, desesperadamente tentando matar a fome. Quis delirar. E quando um corpo encontrou o outro, num encaixe perfeito, tudo o que se fazia era pouco, mesmo exaustos os corpos não estavam satisfeitos. Lado a lado, um suspiro forte, assim ficamos, corpos suados, química visível, mais uma vez nos amamos. Não se sabe quando isso aconteceu, a hora, o lugar. Não sabemos. Você quis que acontecesse. Quis delirar. Depois disso, cada noite é um incêndio. O teu corpo, quer meu corpo encontrar, nós sabemos que isso não é absurdo, ao contrário, é a melhor coisa do mundo, ter quem eu desejo toda noite para amar.